Desde que aprendi a juntar as letras gosto de escrever. Antes disso, descobri as letras escritas por outros e me apaixonei pela leitura. Lia tudo a minha volta, juntava todas as letrinhas a mim apresentadas. Era uma emoção tão emocionante! Achava aquilo o máximo dos máximos. Era como ter poder, o poder de saber. Tudo parecia me dizer alguma coisa, tava tudo ali escrito, legendado pra mim.
Muitas vezes me encontrava nas palavras dos outros. É fascinante como existem pessoas que conseguem traduzir tão bem o que eu sinto mesmo não sendo eu. Foi me lendo em textos alheios que eu comecei a tentar produzir o "eu" por "eu mesma". Se outros conseguem me descrever com suas palavras, pq eu também não fazê-lo com palavras minhas? É fato que nem sempre me saiu tão bem. Talvez por isso parei, não me legendo já tem um tempo.
Mas ainda vejo muito de mim nas palavras escritas por outros. Por quem me conhece ou não. Bela ou Clarisse Lispector. Em forma de letra ou música. Eu - por Florbela Espanca - ou Eu só quero um xodó - por Elba Ramalho. Seja como for, a minha vida é sempre escrita, cantada ou contada por alguém. Ando lendo e ouvindo muito, ultimamente, me fez falta o escrevendo.
Volto hoje a tentar traduzir meus sentimentos em palavras aqui [atendendo um pedido]. E quando não conseguir encontrar em mim a inspiração, me sinto no direito de usar o que de mim achar por aí. Comprometendo-me a citar, sempre que possível, o autor.
Eis a legenda.