terça-feira, 26 de outubro de 2010

eu-literário

No lixo




Na fila do banco, ela impaciente esperava sua vez de usar o caixa eletrônico. Enquanto isso tentava encontrar dentro da bolsa o celular que tocava insistentemente. Acabou por derrubar sua agenda e não conseguiu achar o bendito aparelhinho tremulante a tempo de atender a ligação.

No banco ele preenchia um envelope com seus dados para um depósito. Ao dirigir-se ao caixa achou graça da procura quase que desesperada de uma moça por algum objeto dentro de sua bolsa. Viu quando a mesma derrubou um dos inúmeros itens daquele acessório feminino sempre tão recheado de coisas, e aproximou-se pra tentar ajudá-la.

-Ai que ódio dessa bolsa. - ela pensou alto.
-Sua agenda, moça! - disse ele, entregando-lhe a agenda e todos os papéis que caíram dela.
-Ah! obrigada. Nem tinha percebido que tinha caído. - agradeceu, um tanto indiferente a gentileza, e continuou pensando alto -Acho que preciso mesmo de uma bolsa maior.
Ele tentou disfarçar o riso.
-Qual a graça? - perguntou, contrariada.
-Nada. - respondeu ele, ainda sorrindo.
Ela também sorriu, quase que sem querer.
-Você fica muito mais bonita assim, sorrindo! - continuou ele, deixando-a com as bochechas vermelhas.
Ela nada conseguiu dizer.

A fila andou com uma rapidez rara em dias de fim de mês. Sem mais. Movimentações bancárias feitas, seguiram cada um seu destino. Ela despediu-se com um aceno discreto, ele respondeu o cumprimento com mais um sorriso.

Dia corrido, muitas coisas a resolver ela tinha. Mesmo assim, se distraía lembrando do rapaz do banco, do elogio que recebera, do sorriso que ele estampava no rosto e que a contagiou, não só naquele instante mas durante todo o dia. Sentiu uma pontinha de vontade de vê-lo de novo. Mas como nunca fez o tipo sonhadora, acabou por aceitar o fato de que nunca mais o encontraria.

Passaram-se os dias. Mais uma vez estava ela revirando sua bolsa, dessa vez procurando a chave do carro. E de novo a agenda foi ao chão e de dentro dela caiu um pedaço de papel. Nele havia um número de telefone e um nome: Rafael. Irritada com o fato de não conseguir encontrar nada em meio a tanta bagunça, ela não percebeu que no verso do tal papelzinho havia desenhado um rostinho feliz, jogou-o de volta na bolsa.

Chegando em casa resolveu por, finalmente, organizar suas coisas. É incrível como em bolsa de mulher tem de tudo um pouco. Tirou aquilo que achava desnecessário carregar, jogou fora embalagem de bala, nota fiscal de compra, panfleto de propaganda, extratos bancários e o papel com o nome, o telefone, o sorriso... Jogou no lixo, sem querer, o amor.

[Meu primeiro, último e único post naquele que deveria ter sido um lugar pra eu brincar de escrever 'mentirinhas' - já que por aqui eu só falo de coisas da minha vida real. Não vingou meu projeto paralelo... Antes um blog deletado que um espaço abandonado. Prefiro ficar apenas cá com meus botões.]

domingo, 17 de outubro de 2010

Por onde andei...

Estranho seria se eu não me apaixonasse...

Pq vc tem o sorriso mais lindo que eu já vi.
Pq vc toca violão e canta pra mim enquanto eu lavo os pratos.
Pq a sua mãe disse que a minha lasanha eh a melhor.
Pq vc me liga só pra saber se eu tô bem.
Pq vc pede desculpas do jeito mais encantador que existe de fazê-lo.
Pq vc me deixa sem jeito e sem saber o que dizer.
Pq vc esquece de tudo o tempo todo mas disse que nunca vai esquecer de mim.
Pq desde a primeira vez que o vi eu sabia que um dia isso ia acabar acontecendo...
Uma vez vc me perguntou que tipo de música eu gostava de ouvir.
Hoje eu posso dizer com toda certeza do mundo:

"Meu som favorito eh vc!"

S2

[Escrito em 10/04/2008, guardado no meu e-mail desde então, nunca antes publicado]
 
Na época que eu escrevi esse texto eu pensei em postá-lo no meu fotolog, junto com uma foto da minha "inspiração" que eu acho linda. Mas resolvi esperar o desenrolar dos acontecimentos pra fazê-lo. Não é que fosse segredo, nunca foi. O encantamento por ele tava mais que estampado na minha cara - eu não precisava de uma declaração por escrito e ilustrada do meu sentimento.
 
Hoje ele me disse que vem por aqui vez em quando, até comentou em um dos meus escritos. Já escrevi algo pra ele também e me deu vontade de dizer que um dia ele me serviu de inspiração. Por isso, depois de tanto tempo, resolvi divulgar essas palavras guardadas que eu já nem lembrava de ter escrito. Ficou bonitinho, né? Nem parece que fui eu que escrevi. 
 
"isso é pq vc escreve oq esta sentindo no momento, aí depois, quando lê com um sentimento diferente estranha". [palavrasdele]

O sentimento mudou, muitas coisas mudaram. Mas ele continua sendo alguém muito especial pra mim.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Detalhe

Ele tinham mania de me olhar e dar uma piscadinha. Desde sempre. Mesmo antes da gente ser "a gente". Fazia parte daquela fase gostosa da conquista. Eu me derretia toda. Ele me conquistou. Depois de mais de um ano juntos ele continuava a repetir o gesto e me fazer sentir aquela coisa que eu não sei dizer o que é (e que eu nunca mais senti igual). Fazia parte do "nós". Ele me reconquistava a cada demonstração de afeto, por mais simples que fosse. Um dia, após uma dessas piscadinhas, ele me perguntou: "Pq vc fecha os olhos toda vez que eu pisco pra você?" Eu nunca soube responder...

Muita coisa mudou, ele já não me olha mais como antes e meus olhos não respondem mais quando ele sorri. Ele me perdeu, eu o perdi. "A gente" se perdeu. Mas vez ou outra ainda me lembro daquela discreta expressão de carinho e cumplicidade tão nossa. Acho que essa é a resposta: eu fechava os olhos pra não esquecer! Pra tentar guardar pra sempre os pequenos gestos que faziam dele alguém tão especial pra mim.

Acho que deu certo...

sábado, 9 de outubro de 2010

Mudando (??)

"Muitas vezes chega a esquecer os seus mais caros interesses, o repouso e a segurança, pelo amor que tem à mudança e pela mania de novidade ou das coisas extraordinárias."

[Jean de La Bruyére]