domingo, 14 de novembro de 2010

Ali


Você não sabe nadar. Mas tem pela água um fascínio inexplicável. Gosta de ler sobre isso, admirar fotos, faz o que pode (e até o que não pode) pra poder ver de perto, quando isso é possível. Um belo dia você encontra uma imagem que te chama atenção. Não dá pra saber se é um lago, uma parte de um rio ou mar. Mas é água, é bonito e você gosta do que vê. Tenta saber tudo o que pode sobre aquele lugar e quanto mais conhece, mais te agrada. Divide com seus amigos a descoberta e não consegue esconder deles o quanto aquela paisagem te encanta. Bem intencionados, eles te avisam pra não se arriscar, pra evitar chegar muito perto. Afinal, sem saber nadar, você tem tudo pra se afogar. Mesmo assim, você decide ir até lá e ver pessoalmente todo aquele azul. Vou tomar cuidado - você promete. Não há como resistir, você precisa chegar mais perto. Ao se aproximar você sente a brisa, o cheiro, arrisca até um dedinho na água. Não é muito diferente da imagem que te levou até lá, só que de perto se consegue ver os detalhes. Você descobre que é mar. Hora calmo e de água transparente, te atrai. Hora agitado e de ressaca, te assusta. Você fica um tempo a admirar a paisagem. É tão lindo, tão sedutor. Dá até vontade de mergulhar naquele mar. Você achou aquilo que tanto procurava, você quer se manter por perto, sente que vale a pena fazer isso. Mas aí você  lembra que não sabe nadar, está ciente do perigo, sabe que pode se afogar. Decide manter uma distância segura. Afinal, se você não for até lá, o mar é que não virá até você. Mas nada te impede de continuar a olhar, querer, sonhar. Já que você não pode ter, te resta ficar imaginando.

4 comentários:

  1. Metáfora perigosa essa...
    Eu quem fiquei um tantinho assustada...

    Viver de imaginação nunca fez meu estilo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Será que vale a pena aprender a nadar?
    O que pode impedir a pessoa de aprender isso?

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  4. Quando os amigos avisam é melhor ficar de olho.

    Beijo.

    Rebeca


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