Eu fui uma menina apaixonada e segura que se tornou uma mulher frágil que chora por qualquer motivo. Eu tinha sonhos imensos e uma imaginação capaz de tornar tudo real. O que sobrou disso foi um medo enorme de fazer planos e alcançar frustrações. Vivo o hoje, sinto saudade de certos "passados" - as vezes - tento não planejar o futuro. Tenho uma vontade enorme de conhecer a Argentina. Quero querer fazer muita coisa por mim ainda. E isso é mais sonho do que plano, como quase tudo na minha vida. Minha mãe diz que eu tenho "síndrome de papai Noel". A minha vida adulta eu levo adolescentemente. O amanhã virá, eu sei. Ou não, talvez. Mas a vida segue, como tem que ser. Pra mim e/ou pro resto do mundo. Tenho também uma conta bancária com saldo negativo e muitas contas a pagar. Tento escrever quando tô triste, como agora. Há ainda em mim um sentimento complexo e confuso, sem nome, mas com identidade, endereço fixo e um sorriso lindo. Pior que perder alguém na morte é quando alguém escolhe se perder e desaparece. Sinto todos os dias a dor de não ter notícias, me sinto rejeitada e amo mesmo assim. Muito. Nas redes sociais tenho centenas de amigos e consigo contar nos dedos das mãos aqueles que são reais. Não sou uma pessoa difícil: é só tentar me ver como vejo você e me tratar como te trato que funciona, muito bem, obrigada. Vale na amizade, no amor nem sempre. Me arrependo de uma única coisa que fiz. Amizade e amor não formam uma boa combinação, nessa ordem e sem química. Já ter amor e amizade mais vontade de tá junto num abraço gostoso e uma conversa que nunca acaba é a fórmula perfeita. Faz falta. Sou capaz de mover uma montanha com a força do meu amor. Meu desapego é igualmente poderoso e definitivo, quase sempre. Tive tantos amores de mentira que me atrapalho toda com um de verdade. Sempre soube separar amizade e amor. Mas amor sem amizade, ainda não. Aprendo um monte nas minhas leituras por aí, sabedoria, ensinamentos, cultura, fé. Teoria, ok. Na prática aprendi outras coisas por aqui, na maioria sentimentos meus não colocados em ação. Experiência, nada consta. Sou filha, irmã, amiga. Quero muito um dia poder ser mãe, esposa, companheira. Não tenho como fazer isso sozinha, não posso. Talvez nem consiga. Sou carente demais, ciumenta demais, me declaro demais. Tudo em mim é exagerado, menos eu. E quem eu queria que fosse como sou. Minha maior tristeza foi meu irmão não ter ido a minha formatura. Amo dirigir. Gosto de ficar sozinha, não de ter a solidão como única opção. Meu cachorro é minha alegria e minha profissão a maior realização. Tenho por meus pais e meu irmão o maior amor do mundo. Minha maior alegria é a família que tenho. Não sou de desistir fácil, mas costumo saber quando não dá mais pra mim. Odeio cobranças, exigências, implicâncias desmedidas. Não fico chateada por bobagem e não guardo ressentimento de ninguém. Não por muito tempo. Esqueço fácil. Só me afasto quando deixa de me fazer bem, pra me refazer. Depois posso até me reaproximar e aceito quem queira voltar numa boa. Mas isso não quer dizer que vai ser como antes e nem que não vá acontecer de novo. Mas também não significa o contrário. Brigo por bobagem. Discuto quando a coisa é séria. Não gosto de briga, não sei discutir. E escuto que sou assim pra chamar atenção. Sei quem vai ler isso tudo e entender cada palavra. Como sei quem vai ler do mesmo jeito e tirar suas próprias conclusões. Sei quem eu queria muito que lesse e entendesse. Sei quem leria se soubesse que eu escrevi e quem vai ler se eu pedir que o faça. Sou um ser confuso que tenta se entender, uma alma perdida tentando se encontrar, com uma idade cronológica que não me condiz e um coração que não é mais meu. E não tenho muito o que fazer quanto a isso, e bem tenho tentado. E como tenho. Escrevo sem a menor pretensão de ser lida, mas não nego a intenção de tentar me entender e, quem sabe, um dia, talvez, por acaso encontrar alguém que me entenda.